quarta-feira, 28 de agosto de 2013

FISSURAS NOS CANTOS DE JANELAS E PORTAS (28/08/2013)


PORQUE ÀS VEZES OS CANTINHOS DE PORTAS E JANELAS FISSURAM?
 (Texto escrito por Fabiana C. O. Maia, da A5 Engenharia)

 
Algumas fissuras nascem a partir de aberturas nas paredes, sejam janelas, basculantes ou portas.

Uma das causas comuns para uma fissura no canto de abertura de esquadrias se dá pela movimentação higroscópica (variação de umidade). As trincas provocadas por tais movimentações podem variar em função das propriedades higrotérmicas do materiais e das amplitudes de variação da temperatura ou umidade.

 
 

Foto de fissura no canto de uma janela, úmido

 

 As movimentações higroscópicas podem originar destacamento entre os componentes da alvenaria e argamassa de assentamento. Estes destacamento ocorre em função de inúmeros fatores, dentre o quais os principais são: aderência entre argamassa e componentes da alvenaria, tipo de junta adotada, módulo de deformação entre materiais adotados, propriedades higroscópicas desses materiais e intensidade da variação da umidade.

Os ciclos de umedecimento e secagem das argamassas de revestimento, com deficiente impermeabilização de superfície originam inicialmente a ocorrência de micro-fissuras na argamassa. Através destas microfissuras ocorrerão penetrações cada vez maiores, acentuando-se progressivamente as movimentações e a consequente incidência de fissura no revestimento.

A fissuração dos revestimentos em argamassa será mais acentuada em regiões onde, por qualquer motivo, ocorra maior incidência de água. Os peitoris, as saliências e outros detalhes de fachada tem, por exemplo, a função básica de interromper os fluxos de água que escorrem pela parede, defletindo-os para fora da construção.

Em trechos contínuos de alvenarias solicitadas por sobrecargas uniformemente distribuídas, podem surgir trincas típicas, provenientes da deformação transversal da argamassa sob ação das tensões de compressão, ou da flexão local dos componentes de alvenaria. Podem ainda surgir trincas provenientes da ruptura pó compressão da própria argamassa de assentamento, ou ainda de solicitações de flexo-compressão das paredes.

A atuação de sobrecargas localizadas também podem provocar a ruptura dos componentes de alvenaria na região de aplicação da carga e/ou aparecimento de fissuras inclinadas a partir do ponto de aplicação.  Em função da resistência à compressão dos componentes de alvenaria é que poderá predominar uma ou outra das anomalias citadas.

Nos painéis de alvenaria onde existem aberturas, trincas forman-se a partir dos vértices dessa abertura e sob o peitoril; teoricamente, em função do caminhamento das isostáticas de compressão.

Essas trincas, entretanto, poderão se manifestar segundo diversas configurações, em função da influencia de uma gama enorme de fatores intervenientes, tais como: dimensões do painel de alvenaria, dimensões da abertura, posição que a abertura ocupa no painel, dimensões e rigidez de vergas e contra-vergas, dentre outros.


RECOMENDAÇÕES

A proteção da alvenaria estrutural por meio de impermeabilização ou cobrimento com argamassa, ou proteção de suas aberturas das intempéries, reduziria a possibilidade de formação de trincas por movimentações higroscópicas.

Vergas e contra-vergas instaladas nas esquadrias, ultrapassando cerca de 30cm para fora do vão, absorveriam as deformações que resultam em fissuras nas aberturas.

BIBLIOGRAFIA
 
- REABILITAÇÕES DE EDIFICAÇÕES

Adriano Fortes

 
- MANUAL TÉCNICO DE RECUPERAÇÃO DE ESTRUTURAS

Vedacit

 
LIVROS:

- PATOLOGIAS DAS EDIFICAÇÕES

Norberto B. Lichtenstein

 
- PATOLOGIA DAS EDIFICAÇÕES

Enio José Verçoza
 
 
 
 
Fabiana.C.O.Maia
Engenheira Civil da A5 Engenharia
www.a5engenharia.com.br

COLAPSO PROGRESSIVO (28/08/2013)

COLAPSO PROGRESSIVO

Com o desabamento de mais uma edificação, como ocorrido no dia 28/08/2013, mais uma vez a engenharia estrutural volta às manchetes dos jornais de forma negativa. Com muita inteligência, o Prof.Laranjeiras, grande nome do Cálculo Estrutural na Bahia, explana o tema. Ele escreveu à Comunidade dos Calculistas TQS:

 "Colegas,
Após o desabamento do Shopping Rio Poty (Teresina, ) no mês passado (11/07/2013),
com características de colapso progressivo – ver primeira foto – sobreveio ontem o  desabamento de outra edificação (S. Paulo, SP), desta vez com oito vítimas fatais, também com as características de colapso progressivo – ver segunda foto.

Colapso progressivo do Shopping Rio Poty, Teresina (11/07/2013)

Colapso progressivo SP (27/08/2013)


 O colapso progressivo é definido como sendo a propagação de um dano localizado de elemento a elemento estrutural, resultando, eventualmente, no colapso de toda uma estrutura ou, desproporcionalmente, de grande parte dela.

 O desmoronamento de toda uma ala do Shopping Rio Poty e o desmoronamento de toda a edificação em São Paulo não ocorreram pela explosão de bomba, nem choque de avião ou  um terremoto, que, pelos seus efeitos devastadores, tenham levado toda a estrutura abaixo de uma só vez, sem propagação de dano. Os desmoronamentos como esses que ocorrem  durante a construção têm um histórico que se inicia em uma ruptura localizada e que se propaga desproporcionalmente, quando a estrutura não oferece resistência a colapsos desse tipo, ditos progressivos.

Uma propagação de dano é dita desproporcional (Norma inglesa BS 5950-1:2000) quando essa propagação atinge, horizontalmente, mais de 15% da área total do piso (ou forro) ou  mais de 100 m², o que for menor, como é o caso dos dois desmoronamentos acima.

 Se as nossas Normas de projeto contivessem exigências práticas com vistas a garantir resistência a rupturas desproporcionais como essas, teríamos mais chances de evitar as perdas de vidas humanas e de reduzir o prejuízo que ocorreram nos desabamentos acima citados.

É oportuno, pois, arguir: Por que, em face a essa frequência com que ocorrem entre nós esses colapsos desproporcionais com vítimas fatais, não assume a Nossa Norma NBR 6118,  ainda em discussão, o compromisso e a tarefa de introduzir exigências preventivas contra o colapso progressivo?

Abraços,
Antonio C.R. Laranjeiras
Salvador, BA
28/08/2013"